Primeiramente
faremos algumas indagações, o que é a verdade? O que é a
real? O que é sabedoria? O que é conhecimento? Como ter
certeza que algo que nos é contado, realmente foi o que aconteceu?
Essas
perguntas não são novas, há mais de 2500 anos, um filósofo as
fazia, partindo do questionamento de tudo, para a partir daí tecer
suas conclusões, seu nome SÓCRATES, um dos maiores pensadores que
já existiu.
O
que fazia de Sócrates um sábio era exatamente ele admitir que não
o era, o famoso “só sei que nada sei” e também o nosce
te ipsum (conheça-te
a ti mesmo) inscrição que estava no Oráculo de Delfos.
Sendo que primeiro devemos
nos auto conhecer, a partir daí partirmos para o conhecimento exterior e nos aprofundar nesse saber.
Como
não deixou nenhum documento escrito, um de seus ilustres discípulos,
Platão, simula no livro A República, um diálogo entre o mestre,
Sócrates e um discípulo, Glauco, nessa conversa surge talvez a
maior parábola já escrita, ...O mito da caverna, o qual remete a questões
sobre conhecimento, liberdade, ignorância e aprendizado.
Sócrates
faz Glauco imaginar prisioneiros no interior de uma caverna escura,
os quais estão acorrentados pelos braços e pescoço, de forma a só
poderem olhar para o fundo da caverna, imóveis.
Na
entrada da caverna há uma fogueira, a qual projeta sombras para o fundo, sombras dos vultos das pessoas que transitam pela sua entrada, sendo essa a única visão que os prisioneiros tem, como eles
nasceram e sempre foram prisioneiros acorrentados, não se dão conta
disso, e acreditam que as sombras e a escuridão da caverna são a
realidade.
Glauco
acha os prisioneiros muito estranhos, e Sócrates lhe diz que são
pessoas como nós, o que causa espanto em Glauco, pois devido a sua condição acham que estão vivendo normalmente suas vidas.
Eis
que um prisioneiro consegue se libertar, e caminha, mesmo com medo,
para a entrada da caverna, ao se aproximar da saída a luz do sol o
cega, momentaneamente, pois como vivia nas trevas, seu corpo precisa
de algum tempo de adaptação ao novo.
Consegue
perceber então, que fora da caverna havia diversas pessoas, árvores,
animais, os quais ao passar próximo a caverna projetava os vultos
que até então achava ser a realidade, dá-se conta de que foi um
escravo a vida toda, e que a realidade estava do lado de fora da
caverna.
Ao
voltar e tentar libertar os outros prisioneiros, encontra
dificuldades, ninguém acredita em sua visão de realidade, que só
poderia estar louco, e que a entrada da caverna danificou sua
visão, sendo algo perigoso sair da caverna. Por mais que o liberto
os tentasse persuadir e explicar que são prisioneiros vivendo um
mundo fictício, os prisioneiros, por sua vez não acreditaram, e devido a sua
insistência do liberto, acabam matando-o.
Decodificando
as alegorias, as correntes que aprisionam são nossos medos,
preconceitos, a maneira habitual a qual vemos o mundo; a escuridão da
caverna é a ignorância humana; em contrapartida a Luz que cega o
liberto é o conhecimento real das coisas; as sombras projetadas é o
mundo que de alguma forma nos foi imposto, e que acreditamos ser o
real.
O
prisioneiro fica por um tempo cego ao sair da caverna, porque o novo
é muito difícil de ser assimilado, ainda mais se sua mente já está
fechada, você só tem certezas, nenhuma dúvida.
Muitas
pessoas crescem e ficam satisfeitas com o mundo que lhes fora
imposto, por isso há tanta dificuldade de compreender o novo,
Einstein resume isso na frase “a ignorância é uma bênção”, Raul
Seixas diria “pena que eu não sou burro, não sofreria tanto”.
Uma vez liberto, adquirido qualquer tipo de conhecimento, é impossível voltar ao pensamento anterior “uma
mente expandida pelo conhecimento, jamais retornará ao seu estado
original” - Einstein, vemos isso quando crianças, com estórias sobre papai noel, fada dos
dentes, loira do banheiro, homem do saco, coelho pascoa, etc...
Ao
crescermos vamos adquirimos gradativamente mais conhecimento, e percebemos que as crenças
de outrora, era nos imposto com algumas finalidades, ou entreter ou assustar, ou qualquer outra, e que não passam de alegorias,
sombras no fundo da caverna, que ao descobrirmos só sombras, não real, não
conseguimos voltar a acreditar.
Voltemos
a Sócrates, com seus questionamentos, logo começou a incomodar
muitas pessoas, políticos e outras importantes, foi acusado de não
acreditar nos costumes e nos deuses gregos;Unir-se a deuses malignos
que gostam de destruir as cidades e Corromper jovens com suas idéias,
tudo explicitamente com motivos políticos.
Como
um homem poderia ensinar de graça e pregar que não se precisavam de
professores como eles?. Os acusadores não concordavam com os
pensamentos de Sócrates, que dizia que para se acreditar em algo,
era preciso verificar se aquilo realmente era verdade.
Sócrates,
por não abrir mão de suas convicções, foi condenado e sentenciado
a morte, confinado em prisão se segurança mínima, negou-se a
fugir, pois acreditava e respeitava as leis, e cumpriu sua sentença
bebendo cicuta, líquido mortal.