Como já citado em posts anteriores, algumas lendas, que
muitos acreditavam serem originarias da Bíblia judaico cristã, são na verdade
compilações de textos muito mais antigos, por exemplo dos textos sumérios com
6.000 anos, a Epopeia de Gilgamesh, temos quase todo o Gênesis, com a criação
do homem, diluvio, arca de Noé.
Do Livro dos mortos egípcio, temos os 10 mandamentos, que no original era, eu não matei, eu não roubei, etc..., entre diversas outras passagem.
Nesse bojo temos a primeira religião monoteísta da
história, o Zoroastrismo, que viria a influenciar as três maiores religiões da
atualidade, o judaísmo, o islamismo e o cristianismo.
A noção de bem versus mal, um ser supremo que é desafiado
por um inimigo poderoso, a personificação do mal, que tenta os homens e os leva
a se corromperem, que é sinônimo de ganância, de trevas, a ideia de livre-arbítrio,
na salvação e ressurreição, em anjos da guarda, o juízo final, onde retornarão ao
paraíso os escolhidos, com punição para os maus, e recompensa para os bons,
todas são originárias do Zoroastrismo.
Zaratustra Spitaman (mais conhecido na aliteração grega
do nome para Zoroastro), a “Religião da Boa Consciência”.
Zoroastro viveu na Ásia Central, num território que
compreendia o que é hoje a parte oriental do Irã e a região ocidental do
Afeganistão.
Concebeu então, um Deus único, criador do Universo, a
quem deu o nome de Ahura Mazda, por conseguinte, a religião respectiva passaria
a chamar-se “mazdeísmo”.
Em contrapartida, Ahura Mazda, e seus anjos, travam uma
batalha dentro de cada pessoa contra o princípio do mal, Angra Mainyu, por sua vez
acompanhado de entidades malignas, o Mau pensamento, a mentira, a rebelião, o
mau governo, a doença e a morte.
A grande questão do bem e do mal, colocada por Zoroastro,
se resolve dentro da mente humana. O bom pensamento cria e organiza o mundo e a
sociedade, enquanto o mau pensamento faz o contrário. Esta opção é feita no
dia-a-dia da pessoa e ninguém pode fazer uma opção definitiva, pois este é um
processo dinâmico e progressivo.
"Há dois espíritos contrários no
pensamento, na palavra na ação.
Um
escolheu o bem, o outro o mal;
um
mostra a vida, o outro, a morte.
Assim
fizeram desde o tempo do
primeiro homem,
assim
farão até o fim do mundo."
(AVESTA - Yasna XXX)
Zoroastro aos trinta anos, enquanto participava num
ritual de purificação num rio (notem a semelhança com o rio onde João batista
efetuava a purificação),
viu um ser de luz que se apresentou como
sendo Vohu Manah ("Bom Pensamento") e que o conduziu até à presença
de Ahura Mazda e de outros cinco seres luminosos (anjos), os Amesha Spentas,
sendo este o primeiro de uma série de encontros com Ahura Mazda, que lhe
revelou a sua mensagem.
O principal documento que nos permite conhecer a vida e o
pensamento religioso de Zoroastro são os Gathas, dezessete hinos compostos pelo
próprio Zoroastro e que constituem a parte mais importante do Avesta ou livro
sagrado do zoroastrismo.
Seus sacerdotes, os Magi (sábios ou magos, como citados no Evangelho Apócrifo Armenio da Infância, os três Reis Magos vindos do oriente),
eram vegetarianos, reencarnacionistas, espiritualistas e conheciam muito bem a
astrologia.
Para entender melhor esta religião, precisamos estudar a
estrutura social da época: os persas estavam divididos em três classes; os
sacerdotes, os guerreiros e os camponeses. Os Ahuras (“senhores”) eram
venerados apenas pela primeira classe, Mithra era um Ahura venerado na classe
dos guerreiros; e os camponeses possuíam seus próprios deuses da fertilidade.
As autoridades civis e religiosas opunham-se às doutrinas
de Zoroastro. Após doze anos de pregação, Zoroastro abandonou a sua região
natal e fixou-se na corte do rei Vishtaspa na Báctria (região que se encontra
no atual Afeganistão). Este rei e sua esposa, a rainha Hutosa, converteram-se à
doutrina de Zoroastro e o zoroastrismo foi declarado como religião oficial do
reino.
Zoroastro teve também o seu nascimento sobrenatural. A
glória de Ahura Mazda transmitiu-se à jovem que veio a ser sua mãe, com 15 anos
de idade. Inúmeras maravilhas se realizaram com a jovem.
A anunciação de Maria |
Na conversação, quando
menino, Zoroastro já manifestava sua sabedoria, maravilhando a todos pela sua
inteligência poderosa, face as outras crianças da mesma idade.
Zoroastro foi tentado por Angra Mainyu (espírito mal) ao
iniciar seu ministério, ele tentou dissuadi-lo do seu propósito. Assemelhando-se
a Jesus (Yeshua) ao iniciar seu ministério foi conduzido ao deserto aonde foi
tentado pelo diabo, mas o venceu.
Quanto a datação da Dispensação Zoroástrica existe muitas
controvérsias, os acadêmicos têm situado a sua vida entre 1750 e 1000 a.C..
As fontes gregas não são suficientes para precisarmos uma
data, pois Heródoto praticamente ignora a existência de Zoroastro. Platão, em
sua obra Alcebíades, o cita, no entanto sem consistência história porque chega
a compará-lo com Zervan (o Tempo).
Tomando como base a mitologia supunha-se que Zoroastro
vivera não menos que 1200 a.C.. Depois de um século, o rei Sargão II mencionava
príncipes medas em uma inscrição datada de 713 a.C.
O mais provável seja que ele viveu na formação do II
Império Babilônico (606-538 a.C.). Considerando que Zoroastro viveu 77 anos,
seu nascimento teria ocorrido no ano 607 a.C.. Admitindo esta hipótese
Zoroastro foi contemporâneo de dois grandes reis da Babilônia Nabucodonosor e
Nabonido, pai de Baltazar que pereceu com a queda da Babilônia no ano de 539 a.C..
Todavia se considerarmos o texto dos Gathas (parte do
Avesta – texto sagrado Zoroástrico) localizaríamos o Profeta no princípio do
primeiro milênio a.C logo muito antes do imperador persa Ciro, o Grande (539 a.
C.).
TEXTOS BÍBLICOS
O livro de Jó foi escrito depois do Exílio Babilônico. O povo
judeu, tendo retornado a Israel com a permissão de Ciro, rei persa, no ano 538
a.C, assimilou muitos costumes dos persas.
Isto ocorreu
devido à simpatia e apoio que receberam do rei, que inclusive permitiu a
construção do Segundo Templo judaico e ainda devolveu muitos de seus tesouros,
que haviam sido roubados, ao longo da história um dos poucos reis que não
perseguiram os judeus.
Os judeus assimilaram a crença um Ahriman, um diabo
pessoal, que, em hebraico, eles chamaram de SATAN, por isso, o seu aparecimento
na Bíblia só ocorre no livro de Jó e nos outros livros escritos após o exílio
Babilônico, do ano 538 a.C. para cá. Nestes livros já aparece a influência do
Zoroastrismo persa. Observe ainda que a tentação de Adão e Eva é feita pela
serpente e não por Satanás, demonstrando assim que o escritor do Gênesis não
conhecia Satanás.
Os sábios judaicos, interpretando o Eclesiastes 10:11,
afirmam que, na verdade, a cobra que seduziu Adão e Eva era o Anjo Samael, que
apareceu na terra sob a forma de serpente. Ele, que é conhecido como o
"dono da língua", usou sua língua para seduzir Adão e Eva ao pecado.
O poder do mal está em sua língua.
Uma outra observação interessante é que o livro de Samuel
foi escrito antes da influência persa no ano de 622 a.C. e, no II livro de
Samuel em seu capítulo 24:1, você lê com relação ao recenseamento de Israel o
seguinte: "A cólera de IAHVÉH se inflamou novamente contra Israel e
excitou David contra eles, dizendo-lhe: Vai recensear Israel e Judá".
Agora veja esta mesma passagem no I livro das Crônicas,
que foi escrito no começo do ano 300 a.C, portanto, já sob a influência do
Zoroastrismo persa, com o já conhecimento de Ahriman/Satanás. No capítulo 21:1
desse livro está escrito: "e levantou-se Satã contra Israel, e excitou
David a fazer o recenseamento de Israel". Portanto, o que era IAHVÉH no
livro de Samuel aparece agora no livro das Crônicas como SATANÁS (Confira em
sua Bíblia).
Passa a existir a partir daí, "uma lenda" entre
o povo judeu de que Satanás é considerado como o rei dos demônios, que se
rebelara contra Deus sendo expulso do céu. Ao exilar-se do céu, levou consigo
uma hoste de anjos caídos, e tornou-se seu líder. Afirmam ainda que esteve por
trás do pecado de Adão e Eva, no Jardim do Éden, mantendo relação sexual com Eva,
sendo portanto, pai de Caim. Ajudou Noé a embriagar-se com vinho e tentou
persuadir Abraão a não obedecer a Deus no episódio do sacrifício do seu filho
Isaac.
O conceito do "inferno" para os pecadores também
não fazia parte da tradição dos judeus.
Ele se desenvolveu na Bíblia, a partir do período de Daniel.
O diabo como nós o imaginamos hoje, vem de uma construção meticulosa da Igreja Católica, veja o link |
No judaísmo esperava-se uma Messias, haviam profecias que
indicavam sua vinda. Mas este Messias viria para salvar a nação judaica na concepção
do judaísmo; e na concepção do Cristianismo veio para salvar a humanidade.
Jesus Cristo profeta do Cristianismo não foi aceito como Messias para os judeus,
ambas lendas sob influência do Zoroastrismo.
No Zoroastrismo, rezavam perante uma chama de fogo onde
através de orações invocam a sabedoria de Ahura Mazda.
A MORTE
Zoroastro teve muitos problemas em tentar implementar a
religião monoteísta, tentando se opor aos sacerdotes de Mithra e os sacrifícios
sangrentos dos touros. Foi assassinado por sacerdotes de Mithra no templo de
Balkh, faleceu aos setenta e sete anos.
Grandes reis da Pérsia, como Ciro e Dario, eram devotos
zoroastras. Havia até 50 milhões de fiéis no império que se estendia da Grécia
até a Índia, segundo estimativas.
A tranquilidade acabou com a invasão da
Pérsia pelo Exército do conquistador macedônio, Alexandre, o Grande, que levou
o império ao colapso, no ano 330 a.C..
Desde então, zoroastras foram perseguidos
e discriminados, tanto por cristãos como por muçulmanos no rastro das invasões
e reconquistas que moldaram o Oriente Médio e a Ásia.
Não bastassem os massacres e as conversões forçadas a
outras religiões, a pulverização da comunidade e a facilidade de casamento inter-religioso
selaram a queda dos efetivos.
Antes da revolução islâmica, em 1979, havia cerca de 300
mil zoroastras no Irã. Boa parte fugiu para os EUA temendo perseguição. Três
décadas após esse tumultuado período, os zoroastras iranianos hoje praticam sua
fé em razoável liberdade.