"UMA MENTE EXPANDIDA PELO CONHECIMENTO JAMAIS RETORNA AO SEU TAMANHO ORIGINAL"

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sábado, 30 de março de 2013

LAMPIÃO, O FORA DA LEI


 Afinal quem foi Lampião, o maior ícone do movimento do cangaço, adorado e odiado, herói e vilão, pra uns um o Robin Hood do sertão, pra outros um bandido assassino, cruel e sanguinolento.
 
Virgulino Ferreira da Silva, nasceu em Serra Talhada, 4 de Junho de 1898 ( ou 7 de julho de 1897 ou 4 de junho de 1898 ou 12 de fevereiro de 1900, há algumas controvérsias)
  
CONTEXTO HISTÓRICO:
 
Sertão nordestino, seca, fome, desigualdades, transição do Séc. XIX para o XX, primeiras décadas da República, nesse cenário surge o Cangaço, caracterizando-se por ações violentas de grupos ou indivíduos isolados: assaltavam fazendas, sequestravam coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns.
 
Cangaceiros não tinham moradia fixa, eram muitas vezes contratados como mercenários, fazendo os serviços sujos para os coronéis. Perambulavam pelo sertão, praticando crimes, fugindo e se escondendo.

A palavra deriva de canga, peça de madeira simples ou dupla que se coloca na parte posterior do pescoço de bois nos carros de boi. Devido aos utensílios que os homens carregavam no corpo, o nome foi incorporado.


Como conheciam muito bem a mata, rotas de fuga, ervas medicinais, e tinham ajuda de coiteiros (pessoas que auxiliavam na fuga, ou davam abrigo, simpatizantes), não era uma missão fácil para o Estado captura-los.
O Estado, se atualmente é omisso, quanto a questão da pobreza no nordeste, no início do Séc. XX, o povo estava abandonado a própria sorte, a seca e a miséria predominavam,  onde  os coronéis(fazendeiros) eram a lei.
Vidas secas, de Graciliano Ramos
Voltemos a Lampião, em 1915, ele acusa um empregado do vizinho José Saturnino de roubar bodes de sua propriedade. Começa, então, uma rivalidade entre as duas famílias. Quatro anos depois, Virgulino e dois irmãos se tornaram bandidos.

 
Matavam o gado do vizinho e assaltavam. Os irmãos Ferreira passaram a ser perseguidos pela polícia e fugiram da fazenda. A mãe de Virgulino morreu durante a fuga e, em seguida, num tiroteio, os policiais mataram seu pai. O jovem Virgulino jurou vingança.
 
Lampião formou o seu bando a princípio com dois irmãos, primos e amigos, cujos integrantes variavam entre 30 e 100 membros, e passou a atacar fazendas e pequenas cidades em cinco estados do Brasil, quase sempre a pé e às vezes montados a cavalos.

 
Foram criadas volantes, policiais mais soldados temporários, milícias armadas para tentar combater e capturar os cangaceiros, que por foram apelidados de “macacos” pelo jeito que batiam em retirada, pulando.

Lampião ficou famoso pela sua disciplina, vestes impecáveis, cheias de adornamentos, cousa que todo o bando copiava, a vaidade dos cangaceiros era uma de suas marcas registradas.
 

Lampião roubava comerciantes e fazendeiros, sempre distribuindo parte do dinheiro com os mais pobres. No entanto, seus atos de crueldade lhe valeram a alcunha de "Rei do Cangaço".
 
Quando bem recebidos, promoviam bailes, festas, entretanto com os que o enfrentava ou lhe afrontava, mostrava todo seu lado maligno e sanguinolento.

Seu bando sequestrava crianças, botava fogo nas fazendas, exterminava rebanhos de gado, estuprava coletivamente, torturava, marcava o rosto de mulheres com ferro quente. Antes de fuzilar um de seus próprios homens, obrigou-o a comer um quilo de sal. Assassinou um prisioneiro na frente da mulher, que implorava perdão. Lampião arrancou olhos, cortou orelhas e línguas, sem a menor piedade.
Para matar os inimigos, enfiava longos punhais entre a clavícula e o pescoço (sangrar o cabra).
 
Em 1926, a fim de combater a Coluna Prestes, marcha de militares rebelados, liderados por Luiz Carlos Prestes, o governo se aliou ao cangaceiro, fornecendo fardas e fuzis automáticos.
Luiz Carlos Prestes, líder da Coluna
Por indicação do Padre Cícero, o qual disse que somente Lampião poderia conter a Coluna Prestes, foi formalizado um pacto, no qual resultou o encontro do padre com Lampião (Virgulino era devoto do Padre Cícero), isso em Juazeiro.
 
Virgulino aceita a empreitada, em troca de anistia de seus crimes, recebe um documento de livre acesso entre os Estados, e é nomeado a patente de Capitão, claro que a anistia nunca veio.
Área de atuação dos bando Lmapião
 Existem duas versões para o seu apelido. Dizem que, ao matar uma pessoa, o cano de seu rifle, em brasa, lembrava a luz de um lampião. Outros garantem que ele iluminou um ambiente com tiros para que um companheiro achasse um cigarro perdido no escuro.
"Olé, Mulher Rendeira,
Olé mulhé rendá
Tu me ensina a fazer renda,
eu te ensino a namorá."
Música composta por Lampião, que poucos sabem.





MARIA BONITA
Em 1929, conheceu Maria Déia, a Maria Bonita, a qual não era tão bonita assim. Também há algumas controvérsias de como se conheceram, o fato é que a partir daí começam a entrar mulheres no cangaço.
 


Em vinte anos de cangaço, de 1918 a 1938, chegou a liderar 200 homens, enfrentar numa ocasião 4000 soldados, o cerco a Lampião ia se afunilando.
Com esse dinheiro na época, comprava-se 8 carros de luxo
A VOLANTE, OS "MACACOS"
No dia 28 de julho de 1938, na Fazenda Angico, em Sergipe, por volta das 5h15, os trinta homens e cinco mulheres estavam começando a acordar, quando foram vítimas de uma emboscada de uma tropa de 48 policiais de Alagoas, comandada pelo tenente João Bezerra.
Ten. João Bezerra
O combate durou somente 10 minutos. Os policiais tinham a vantagem de quatro metralhadoras Hotkiss. Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros foram mortos e tiveram suas cabeças cortadas (prática muito usada na época). Maria foi degolada viva. Os outros conseguiram escapar 
O cangaço terminou em 1940, com a morte de Corisco, o "Diabo Loiro", o último sobrevivente do grupo comandando por Lampião.
 
Devido a literatura de cordel, e sua fama de invencível, que perdurou por 20 anos, sua figura foi elevada de simples bandido a um herói,  onde a seca, miséria, fome, injustiças e muitos outros fatores faziam parte do cotidiano do sertanejo, as pessoas viam em Lampião, alguém que enfrentava, a sua maneira, o governo e os coronéis, uma resistência às mazelas.
 
Surge assim o mito de Lampião, que foi imortalizado no imaginário dos fortes sertanejos, sobressaindo seus atos bons aos ruins.

 

4 comentários:

  1. valeu. sempre quis saber sobre este personagem nacional. cesar.

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  2. metralhadora Hotchkiss é o nome correto

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  3. Fiz um curta metragem no Sertão do Ceará que fala sobre isso. O cenário foi a própria vegetação do Sertão, com suas carnaúbas e matos rasteiros e espinhos afiados. Muito bom. Volto neste ano de 2015 ao Sertão do Ceará. Meu nome é Mauricio Lopes e sou do Estado do Rio de Janeiro. Valeu e aquele abraço a todos !

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  4. Na vdd não ha consenso quanto ao nr de metralhadoras utilizadas no evento/angicos. O que se sab é que tinham 4 metralhadoras no terreno. Sendo que 2 Bergmann MP18 e 2 Hotchkiss (talvez o modelo 1909 ou 1922). Além das duas Pistolas altomaticas (C96 ou Royal) que estavam em posse do Ten Jão Bezerra e do Aspirante Ferreira de Melo.

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