"UMA MENTE EXPANDIDA PELO CONHECIMENTO JAMAIS RETORNA AO SEU TAMANHO ORIGINAL"

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domingo, 29 de julho de 2012

O PROTESTO SILENCIOSO


Até onde você iria pelos seus ideais, muitas mudanças foram feitas ao longo da história por pessoas que questionaram o sistema, quebrando dogmas, com conquistas nos direitos civis, políticos e sociais.
CONTEXTO HISTÓRICO:

Em 1955, Rosa Parks, uma mulher negra, se negou a dar seu lugar em um ônibus para uma mulher branca e foi presa. Isso, na época, era um escândalo, pois permanentemente a população negra era submetida a situações de humilhação, sem que houvesse reação. Em solidariedade a Rosa Parks, os líderes negros de Mongonmery organizaram um grande boicote aos ônibus da cidade. O protesto contra a segregação racial durou 381 dias.

Durante a década de  60, os E.U.A era um país que vivia uma segregação racial, principalmente no sul. Nesse período, os negros não tinham direito nem mesmo ao transporte público, viviam em condições desumanas, sofrendo com a superexploração do trabalho, com a falta de direitos civis, como o voto, e com a violência policial.
Essa década foi marcada por muitos fatos marcantes, como o assassinato de  Malcom X, em 1965, Muhammad Ali perdeu o título de campeão mundial dos pesos pesados por se recusar a lutar no Vietnã, em 1967;

 ai veio o ano de 1968...

No plano político, o mundo fervia. Em abril, começou a Primavera de Praga, uma tentativa do governo da Tchecoslováquia de romper pacificamente suas ligações com a União Soviética. Em maio, estudantes franceses fizeram as Barricadas de Paris, uma manifestação seguida de uma greve descomunal. Ainda em maio, nos Estados Unidos, foi assassinado o líder ativista negro Martin Luther King; em junho, o ministro da justiça Robert Kennedy, irmão do ex-presidente John Kennedy, também seria alvo de um assassinato. Em agosto, tanques da União Soviética invadiriam Praga, esmagando a Primavera.

Em meio a esse caos, surgem os Panteras Negras, grupo revolucionário,  que lutava pelos direitos da população negra. O ponto mais controverso da doutrina do grupo era a defesa da resistência armada contra a opressão dos negros. Fundado em outubro de 1966, o grupo nasceu prometendo patrulhar os guetos (bairros negros) para proteger seus moradores contra a violência policial. O movimento se espalhou pelos Estados Unidos e atingiu seu período de maior popularidade no final da década de 1960, quando chegou a ter 2 mil membros e escritórios nas principais cidades do país.

Aproximavam-se os jogos Olímpicos da cidade do México. Nos EUA muitos atletas negros começaram a questionar o por quê dos negros terem aquele tratamento diferenciado, sendo que em toda Olimpíada mantinham os EUA em primeiro lugar no quadro geral de medalhas, e isso em meio a guerra fria, com disputa árdua com a URSS.
 
Os negros sempre foram superiores nos esportes, segundo o comediante Cris Rock “somos 10% da população, más 90% dos playoffs”. Nos esportes eram celebridades, más a realidade da maioria da população negra era bem diferente.
 
Um boicote começou a ser cogitado, e só defenderiam as cores estadunidenses se acabassem com a segregação racial.
Negros só podiam ocupar o fundo, mesmo se na frente houvesse lugar

O primeiro a opor-se a um eventual boicote foi George Foremam, disse que lutaria de qualquer jeito, e liderou o bloco anti-boicote, em meio a turbulência os EUA mandaram sua delegação.
Foreman com seu psedo patriotismo
 Final dos 200 metros rasos, os estadunidenses Tommie Smith, medalha de ouro, e John Carlos, de bronze, baixaram ligeiramente a cabeça e ergueram desafiadoramente um braço com luva preta, na saudação consagrada pelos Panteras Negras, mostrando para o mundo que os EUA não eram um país assim de liberdade, como aludida no próprio hino.
 
O medalhista de prata, o australiano, Peter Norman, deixou claro seu apoio aos rivais. Recebeu a prata com um distintivo do OPHR na camiseta. Norman tivera já uma participação relevante no bastidor do protesto mudo: Carlos esquecera o par de luvas que colocaria caso subisse ao pódio. Norman, ao saber disso, sugeriu que cada um dos americanos usasse uma luva.
Tommie Smith, John Carlos e Peter Norman
A imagem dos três no pódio é uma das cenas mais extraordinárias de todas as Olimpíadas disputadas na era moderna, e com o tempo se transformaria num símbolo resistente, poderoso, tocante do movimento de afirmação dos negros americanos.

Para Smith e Carlos as consequências foram implacáveis e duradouras. De imediato, o Comitê Olímpico Internacional, COI, presidido pelo americano Avery Brundage, proibiu que os dois velocistas tivessem outras participações (ambos estavam escalados para integrar a equipe americana de revezamento) e exigiu a expulsão da dupla da Vila Olímpica. O comitê olímpico americano não acatou as determinações. Na manhã seguinte, o COI alertou que, se as exigências não fossem cumpridas, toda a equipe americana de atletismo seria barrada das competições. Desta vez, o recado foi entendido.

O Comitê Olímpico Internacional condenou severamente o gesto, sob a alegação de que esporte e política não combinam. A mídia americana criticou intensamente Smith e Carlos. A revista Time sublinhou a “raiva e a feiúra” do protesto. Correram rumores de que ambos perderiam as medalhas, o que acabou não se concretizando.

De volta aos Estados Unidos, Smith e Carlos acabaram relegados a um virtual ostracismo pelas autoridades que comandavam o atletismo americano – brancas, naturalmente.

"A América branca diz que somos americanos quando vencemos e que somos negros quando fazemos algo que julga errado." Tommie Smith.

Quanto à contaminação dos Jogos pela política, ela já acontecera há bem mais tempo, e através de outros punhos: na Berlim de 1936, todos os atletas alemães fizeram a saudação nazista e ninguém reclamou.
Jesse Owens derrubando a ideologia de supremacia branca 1936 Berlim
Menos sorte teve o australiano solidário. Norman passou a ser ignorado pelos chefes do atletismo australiano e, também, pela imprensa local. O racismo grassava também na Austrália – onde os aborígines, os nativos, eram tratados como cidadãos de segunda classe. Sua carreira entrou em colapso e, com ela, sua vida pessoal. Norman logo teria problemas com bebidas. Jamais foi perdoado na Austrália. Um dos mais repulsivos sinais disso é que ele foi ignorado pelos organizadores das Olimpíadas de Sidney de 2000 – mesmo tendo sido um dos maiores corredores da história do país.

Os movimentos radicais foram sufocados nos anos 70 pela ação do FBI e a situação foi gradativamente mudando para os negros americanos, mas não por ações diretas da luta armada. Mesmo assim ainda é um país deverás racista, onde quem não é branco é considerado “outra cor”

Com a passagem dos anos os dois foram saindo de párias para aquilo que são hoje – heróis.

Tommie Smith e John Carlos ganharam uma estátua na Universidade de San Jose, na Califórnia, em 2005, ambos  estudavam na universidade quando foram selecionados para defender os Estados Unidos na Olimpíada de 1968.

Em 2008, numa premiação da TV ESPN, ambos receberam o Arthur Ashe Courage Award, como prêmio de reconhecimento à sua coragem.


Um comentário:

  1. Nossa... pensar que essas coisas aconteceram praticamente no século passado, estamos no início desse, qual sera os problemas do século XXI a respeito da sociedade? Humanos, a maioria, são execráveis em sua natureza, é de se desabonar dessa humanidade quando se fala em uma civilização evoluída e próspera!

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